Erikson e o Desenvolvimento Psicossocial
Erikson é, tal como Freud e Piaget, partidário de uma teoria dos estádios, sendo cada estádio marcado pela interacção entre as influências socioculturais e a vontade do indivíduo de expandir a sua compreensão de si, da realidade, de modo a enriquecer o seu “espaço vital”. Cada estádio é o momento de uma crise psicossocial ou conflito (termo freudiano). A crise, definida pela necessidade da resolução de uma questão importante, é um ponto de viragem – um período em que o potencial para o crescimento psicossocial é elevado, mas em que o indivíduo também é muito vulnerável. A crise, que pode ser relativamente longa, designa mais a crucial importância do que está em jogo do que uma pressão temporal, uma urgência. Cada crise é uma luta entre alcançar uma qualidade psicológica ou falhar esse objectivo, ou seja, cada conflito confronta duas possibilidades como pares de qualiddaes psicológicas. Um dos pares é adaptativo e o outro designa um certo grau de desadaptação. É importante que o Ego em desenvolvimento incorpore, em certo grau, os doid pólos do conflito. Possuir em demasia a qualidade psicológica desejada pode criar problemas. Assim, no conflito “confiança versus desconfiança” em relação ao mundo é bom possuir uma certa dose de desconfiança, para lidar efectivamente com o mundo, dado que este muitas vezes não é segura nem de confiança. Mas a balança deve tender mais para o valor positivo do que para o negativo, de modo a que surja uma orientação positiva no confronto futuro com a realidade. A qualidade que acompanha esta orientação positiva é designada por virtude (ou qualidade e força do Ego). Por outro lado, a crise básica que forma o núcleo de cada estádio não se manifesta somente durante esse estádio. Cada crise é mais saliente durante um estádio específico, mas tem as suas raízes em estádios prévios e consequências em estádios posteriores. Por exemplo, o conflito “identidade versus Difusão da identidade” é a crise que define a adolescência, mas a formação da identidade começa durante os 4 primeiros e anteriores estádios e a identidade que se forma durante a adolescência influencia e está presente nos 3 estádios finais de um desenvolvimento que se faz segundo o próprio ritmo de cada indivíduo.
A superação bem sucedida do grande desafio que cada estádio coloca não significa que não tenhamos de voltar a enfrentá-lo (sinal que nuca é absolutamente resolvido). Mesmo quando adultos, podemos ter de nos confrontar como medo da solidão, do abandono e da insegurança, revivendo assim em outro contexto crises características de estádios infantis do desenvolvimento. A nossa odisseia ao longo do ciclo vital significa enfrentar novos desafios e, em certa medida, revisitar antigos conflitos.
Relativamente ao desenvolvimento, Erikson propõe um conjunto de estádios cuja singularidade se deve ao conflito neles vivido. O conflito consiste numa polaridade emocional que tem uma vertente positiva e uma vertente negativa.
Artigos
Inconsciente: Freud versus Jung
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A maternidade causadora de transtornos psicológicos a partir da infância
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