Hereditariedade e o Meio
Hereditariedade ou Influência do Meio Envolvente?
Hoje em dia, tanto a hereditariedade como o meio estabelecem os limites com que uma dada característica se manifesta. Existe uma íntima interacção entre estes dois factores na nossa vida, onde a hereditariedade define os limites de expressão, e o meio, pelas condições e oportunidades que oferece, responde pelas derivações típicas que característica pode vir a apresentar.
São poucas as características humanas, quer físicas quer psicológicas que se definem exclusivamente pelo genótipo ou património genético. É necessária a intervenção do meio ambiente, onde se verifica a interacção entre este e a hereditariedade.
É um erro, estabelecermos relações de causa-efeito entre o meio e a hereditariedade na influência do Q.I. ou comportamentos. Trata-se sim, de uma correlação, isto é, o meio e a hereditariedade interagem em conjunto com a personalidade de cada um.
Já disse Well (1982): “O gene é a causa necessária, mas não necessariamente suficiente”. Ora, esta afirmação justifica-se no seguinte exemplo: a estimulação ambiental, antes de ocorrer a maturação da estruturação física não leva a criança a andar, mas a ausência da estimulação ambiental no momento da maturação da estruturação física pode comprometer seriamente ou até mesmo impedir a criança de andar. Temos como exemplo emblemático os meninos selvagens que não aprenderam a andar de pé. Quando falamos na característica “andar” é apenas um exemplo que pode ser substituído por uma outra característica.
Cada factor depende um do outro: o meio é função da hereditariedade e vice-versa. Nem um nem outro são actividades independentes e autónomas. A hereditariedade compreende potenciais e perspectivas de desenvolvimento, seja de traços, características ou o indivíduo no seu conjunto. O meio é o que irá fazer ou não que esse potencial se actualize e se torne em realidade – é um factor catalítico.
Há quem defenda que o nosso desenvolvimento é influenciado sobretudo pelo meio, ou principalmente pela hereditariedade. Porém, a hereditariedade não pode exprimir-se sem um meio apropriado, assim como o meio não tem qualquer efeito sem o potencial genético. Assim, afirma-se que a hereditariedade e o meio interagem, determinando o desenvolvimento orgânico, psicomotor, a linguagem, a inteligência, a afectividade, etc.
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