Método Experimental

 

Definição e Etapas

        O Método experimental é um conjunto de procedimentos rigorosos que, desenvolvendo-se habitualmente em contexto laboratorial, procura controlar variáveis estranhas ou parasitas de modo a que os resultados se devam única e simplesmente à manipulação da variável independente, isto é, que sí a esta se devam as alterações na variável dependente.

 

Etapas:
 

1. Formulação de um problema“os programas televisivos violentos afectam o comportamento das crianças?”

 

Apresentação de uma hipótese – “os programas televisivos violentos provocam um aumento do nível de agressividade do comportamento das crianças.”

A hipótese é a explicação que achamos boa para um problema e que vai ser testada ou experimentada.

 

2. Experimentação

 

2.1) Controlo e manipulação das variáveis – esta etapa tem várias fases:

a) Identificação das variáveis relevantes

        As variáveis relevantes são as variáveis entre as quais se procura estabelecer uma relação causa-efeito. Analisando a hipótese, surge em primeiro lugar a variável independente (grau de violência dos programas televisivos). Em segundo lugar surge a variável dependente (o nível de agressividade do comportamento das crianças).

        A variável independente é o factor ou comportamento que é manipulado pelo experimentador com o objectivo de observar o efeito dessa manipulação noutro factor ou comportamento que é a variável dependente. À V.I. dá-se também o nome de variável experimental ou activa. Diz-se independente porque pode ser manipulada independentemente de outros factores.

        As variável dependente é o factor ou comportamento que depende da manipulação da variável independente, isto é, do grau de violência dos programas televisivos. Diz-se dependente porque depende da manipulação da V.I. e do que acontece aos sujeitos na experimentação.

Assim, a variável independente é manipulada e a variável dependente é medida (mede-se o nível de agressividade).

        Que variáveis se pretende controlar? As variáveis ditas estranhas, externas ou parasitas, que não estão presentes na hipótese. Só a variável independente deve condicionar a variável a variável dependente. Por isso qualquer interferência de outras variáveis – ditas externas – é indesejável e põe em causa a validade dos resultados finais. Que variáveis são essas? As condições sociaeconómicas das crianças participantes, o sexo a que pertencem, a temperatura ambiente no laboratório (não deve ser nem alta nem baixa), as condições de luminosidade e também o facto de as crianças terem já visto os programas (não os devem ter visto). Todas estas variáveis devem ser neutralizadas, postas de “fora de circuito”.

 

b) Definição operacional das variáveis relevantes

Definir operacionalmente uma variável é quantificá-la, indicar em termos numéricos como operar com ela.

 

c) Definir operacionalmente a variável independente significa dizer qual a duração dos programas televisivos [violentos (dragonball) e não violentos (Teletubbies)] a que os diferentes grupos de crianças vão assistir, isto é, o número de minutos da sua exibição.

 

d) Definir operacionalmente a variável dependente (o nível de agressividade) significa indicar, depois de vistos os programas e durante um determinado tempo (30 minutos, por exemplo), o número de comportamentos agressivos (agressões verbais e físicas a pessoas ou objectos) que ocorrem quando as crianças interagem umas com as outras. Estes procedimentos (que programas são vistos, a sua duração e o modo como se mede a agressividade das crianças) são indispensáveis para o rigor e eventual replicabilidade do experimento.

 

e) Selecção dos sujeitos participantes:

        O comportamento das crianças – a sua agressividade – é o objecto de estudo. Mas que crianças vamos estudar? Suponhamos que são crianças portuguesas nas faixas etárias dos 4 aos 6 anos.

        É esta a população-alvo do nosso estudo. Como não cabem todas no laboratório, melhor dizendo, como é impossível estudá-las todas, temos de constituir uma amostra representativa ou significativa dessa totalidade que são as crianças dos 4 aos 6 anos. Para a amostra ser representativa tem de haver um equilíbrio entre os representantes de cada sexo. Por exemplo, um excessivo número de rapazes na amostra iria adulterar os resultados porque a investigação psicológica revelou que os rapazes são por natureza mais agressivos do que as raparigas. Por outro lado não é só a biologia que predispõe a agressividade. Condições socioeconómicas relativamente precárias também a podem condicionar. Por isso é importante não haver na amostra só crianças economicamente favorecidas nem crianças economicamente desfavorecidas. Além disso, deve evitar-se um excesso de crianças de um determinado estrato económico em relação a outro. É conveniente que o experimentador interrogue as crianças seleccionadas sobre se já viram os programas que vão ser exibidos.

f)  Constituição dos grupos experimental e de controlo

        Formada a amostra representativa, trata-se de distribuir as crianças seleccionadas por dois grupos respeitando critérios já seguidos na constituição da amostra significativa. As crianças são distribuídas pelos grupos mediante uma técnica denominada amostragem aleatória.

        O grupo experimental é, segundo a definição dos psicólogos experimentais, aquele que “recebe o tratamento” «, que é submetido à manipulação da variável independente. Mais precisamente, vai assistir a programas de televisão violentos. O grupo de controlo não é submetido à manipulação da variável independente ou experimental. É o grupo de controlo porque, comparando o nível de agressividade revelado pelos seus membros depois de verem programas não violentos, podemos verificar se a diferença em relação ao grupo experimental é significativa ou não para a comprovação da hipótese.

 

3.    Observação e registo de dados

        Observa-se o comportamento das crianças de ambos os grupos e regista se, mediante tecnologia sofisticada, a frequência com que acontecem, durante determinado espaço de tempo, estados agressivos verbais ou físicos e tendo como objecto pessoas ou coisas.

 

4.    Conclusão e generalização dos resultados

        Suponhamos que, numa escala de 0 a 10, o grupo experimental revelou um nível de agressividade de 9,8 e que o grupo de controlo (que viu programos não violentos) revelou um nível de agressividade de 4,3. A diferença é bastante significativa, pelo que a hipótese – os programas violentos provocam um aumento de agressividade das crianças (dos 2 aos 6 anos) – se afigura boa. Se as variáveis estranhas ou parasitas foram devidamente controladas, isto é, se somente a variável independente exerceu influência sobre a variável dependente, então o experimento tem validade interna. Deste modo, é legítima, embora relativa, a generalização dos resultados: são válidos não só para as crianças dos 4 aos 6 anos que estiveram no laboratório como para todas as crianças de 4 aos 6 anos, é chamada validade externa, sempre discutível.


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