Observação Naturalista
Consiste na observação sistemática do comportamento humano e animal conforme ocorre natural e espontaneamente no seu meio habitual. Pode também definir-se como a observação e a descrição sistemática do comportamento no contexto em que ocorre naturalmente. É igualmente designada observação ecológica, uma vez que ocorre em meio ecológico.
Mas atenção, a observação naturalista não é necessariamente observação do que ocorre na natureza. Dizer que é observação do comportamento no seu ambiente natural significa que se observa o comportamento em ambientes e situações que não são criados artificialmente. Assim, não é necessário ir para a serra de Montejunto ou para o Gerês para que possamos efectuar observações naturalistas do comportamento. Em cafés, restaurantes, escolas ou jardins-de-infância podem efectuar-se observações deste tipo. Portanto, “em contexto ecológico” não significa simplesmente, longe disso, “na natureza”.
Modos de observação naturalista:
Há dois modos de observação naturalista: a observação naturalista participante e a observação naturalista não participante.
1. Observação naturalista não participante: é um modo de observação em que o observador não interfere no campo observado, isto é, nas actividades que observa. É muito frequente o psicólogo observar sem ser visto (observação oculta). É o caso de quem utiliza um espelho de via única para, por exemplo, observar actividades de crianças num infantário. O psicólogo estuda assim as actividades das crianças sem que elas disso se apercebam (pode também utilizar uma câmara de vídeo escondida).
2. Observação naturalista participante: é um modo de observação em que o observador se integra nas actividades dos sujeitos cujo comportamento observa, interferindo assim no campo observado. Mas esta participação não deve prejudicar a observação. Por isso, apesar do psicólogo estar presente e se envolver nas actividades da população observada, os sujeitos observados não devem saber que estão a ser objecto de estudo.
Em suma, há observação naturalista quando, em contexto ecológico, os sujeitos observados são objecto de estudo sem saberem disso e não influenciados pelos objectivos do observador.
Vantagens da observação naturalista
- O comportamento dos sujeitos observados, é em princípio, mais natural, espontâneo e genuíno (mais variado) do que em contexto laboratorial. Com efeito, ocorrendo em contexto ecológico, o seu comportamento não é afectado pela inibição e ansiedade dos contextos laboratoriais. Uma vez que se trata de observação de comportamentos espontâneos, o ambiente e a situação não são determinados pelo psicólogo, isto é, não há manipulação de variáveis (embora se pretenda controlar as variáveis não relevantes para o que se pretende estudar).
- É de grande utilidade no estudo do comportamento de espécies que não se adaptam a condições laboratoriais.
- Pode ser utilizado em situações nas quais o método experimental (ou outro) não seria apropriado. Ex.: o estudo da relação entre o comportamento dos automobilistas e o grau de sinistralidade nas estradas.
Limitações da observação naturalista
1. As observações naturalistas são de muito difícil replicação.
2. O controlo sobre as variáveis estranhas é reduzido, pelo que não se podem estabelecer relações causa-efeito: as conclusões são suposições.
3. Se os participantes têm consciência de que estão a ser observados, os eu comportamento será menos natural; se não sabem que estão a ser observados e o seu comportamento não tem carácter público, podem colocar-se problemas que invalidem a observação (violação de privacidade).
4. Onde há só um observador – como muitas vezes acontece – é difícil verificar autenticidade e fidelidade dos dados.
Artigos
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